O que o turista precisa saber sobre a crise energética antes de viajar para a Europa
É possível viajar durante a crise energética na Europa? Se você planeja fazer uma viagem ao velho continente em meio ao conflito Rússia-Ucrânia, certamente já teve esta dúvida.
A seguir, saiba mais sobre o andamento da crise energética na Europa, o que é preciso saber antes de ir ao continente, a situação de alguns pontos turísticos famosos e o que especialistas dizem a respeito do assunto.
O que você precisa saber sobre a crise energética na Europa?
A União Europeia está usando a estratégia de aumentar em 45% até 2030 a inserção de energias renováveis em sua matriz elétrica. Um dos motivos da crise é que a matriz energética da Europa é considerada cara, de baixa confiabilidade, intermitente e muito dependente de importações, como do gás russo.
Apesar de tecnologias já serem utilizadas para resolver esse problema da intermitência, como baterias. No entanto, são caras e ineficientes para estocar todo o volume de energia que é preciso para evitar a intermitência.
Outro ponto é que as novas hidrelétricas também são uma opção não tão viável, em vista que os recursos hídricos dos países do G20 são limitados e já foram utilizados como se pôde para evitar um agravamento da crise.
O que o turista precisa saber antes de viajar para a Europa
O momento pede cautela. Ou seja, caso você viaje à Europa durante a crise de energia na Europa, saiba que os países europeus estão tomando medidas para evitar grandes crises internas devido à ausência de energia.
Nesse sentido, alguns acontecimentos recorrentes desde que o conflito entre Rússia e Ucrânia se intensificou são:
- aumento na conta de luz;
- controle no consumo residencial;
- cortes de serviços telefônicos;
- entre outros.
No entanto, não se preocupe! A sua vida dificilmente será afetada enquanto turista, mas muito provavelmente os serviços aos quais você terá acesso lá fora ficarão mais caros, como alimentação e serviços.
Pontos turísticos na Europa que estão sendo afetados
Devido à crise, vários pontos turísticos como o de Paris, capital da França, vêm tendo as suas luzes apagadas mais cedo, como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre e a avenida Champs-Élysées.
As medidas drásticas também estão sendo tomadas pelo Reino Unido, diante da alta inflação, o governo britânico anunciou um plano para subsidiar 50% das contas de luz e gás das empresas durante seis meses. Por isso, bares como o Mason Arms, na região de Cornwall, têm aderido ao corte de energia.
A Itália e a Espanha reduziram o aquecimento de espaços públicos, assim como o governo da Alemanha, que determinou a redução do aquecimento para 19 °C e decidiu que a iluminação de prédios e espaços publicitários devem ser desligados após às 22h.
Diante dessas medidas, é importante que você se programe para não perder nenhuma atração nem momentos importantes na sua viagem ao escolher o país que deseja viajar.
Especialistas falam sobre a crise energética
A crise de energia na Europa deve persistir nos próximos anos. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, diversos especialistas deram sua opinião sobre a situação.
Para Pedro Rodrigues, diretor e sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), os preços de Gás Natural Liquefeito (GNL) não devem cair antes de 2025.
Segundo ele, “não há grandes capacidades novas de terminais de exportação entrando
em operação antes dessa data no mundo todo.”
Uma das consequências disso é o andamento da guerra da Ucrânia. Afinal, há uma disparada de preços e uma competição muito grande por ativos energéticos.
Juliana Senna, sócia do Kincaid Mendes Vianna Advogados, afirma que vários países europeus querem contratar esses ativos, mas, eles não existem em grandes quantidades no mundo.
Por isso, também se considera que o Brasil pode ser um dos países úteis na ajuda de resolução da crise energética. Segundo a embaixadora da Suécia, Karin Wallensteen, em entrevista ao jornal O Globo, o Brasil definitivamente pode se tornar parte da solução através da produção de mais energia e focando na inovação.
Sobre isso, Eduardo Navarro Antonello, fundador da Golar Power e da Macaw Energies, enfatiza: “Sem dúvida uma aproximação junto ao Brasil poderia ser muito interessante para os europeus, principalmente considerando a importância estratégica de diversificação no suprimento”.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) o Brasil reinjetou 50% de sua produção de gás natural nos dois primeiros meses deste ano. De acordo com a agência, 65,9 milhões de metros cúbicos por dia retornam aos poços.
“Somente como referência, nos níveis atuais de preço de GNL, se o Brasil vendesse esses quase 70 milhões de m³ de gás sendo atualmente injetados a um preço de US$ 30/mmBtu, isso representaria um faturamento bruto anual de US$ 30 bilhões de dólares. Ou seja, praticamente o mesmo volume financeiro proveniente da venda projetada de minério de ferro para 2022”, destaca o consultor Eduardo Navarro Antonello, em matéria sobre a crise energética na Europa.