Em muitas culturas, o Dia dos Namorados é tradicionalmente marcado por flores e declarações de amor. Mas, neste ano, especialistas em saúde pública propõem um gesto diferente e igualmente significativo: aproveitar a data para cuidar da saúde do casal, começando pela atualização da vacinação.
“A melhor forma de demonstrar cuidado é garantir que ambos estejam protegidos contra doenças evitáveis”, afirma Rosana Richtmann, infectologista e consultora de vacinas da Dasa. Ela ressalta que a imunização é uma forma concreta de proteger quem se ama — especialmente contra infecções que podem ser transmitidas em relações íntimas.
HPV: alta incidência e riscos a longo prazo
O Papilomavírus Humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no Brasil e no mundo. Estima-se que 10 milhões de pessoas estejam infectadas no país, com cerca de 700 mil novos casos por ano. O vírus pode causar verrugas genitais e diversos tipos de câncer — como de colo do útero, ânus, pênis e orofaringe.
“A vacina contra o HPV é segura, eficaz e indicada para homens e mulheres de 9 a 45 anos. É uma medida essencial de prevenção que protege os dois parceiros”, explica Richtmann.
Hepatites virais: ameaça silenciosa e global
As hepatites A e B também devem estar no radar dos casais. A hepatite B é transmitida por contato com sangue ou fluidos corporais e pode evoluir para doenças hepáticas graves. Já a hepatite A, embora menos comum na transmissão sexual, também representa risco em determinadas práticas.
De acordo com o Global Hepatitis Report 2024, da Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais são a segunda maior causa infecciosa de mortes no mundo, empatadas com a tuberculose. São 1,3 milhão de mortes por ano, apesar da existência de vacinas eficazes e tratamento disponível.
Vacinas para prevenção
- HPV (Papilomavírus Humano):
- Proteção: contra tipos de vírus associados a cânceres de colo do útero, pênis, ânus, vulva, orofaringe e verrugas genitais.
- Indicação: recomendável antes do início da vida sexual, mas também disponível para adolescentes e adultos em situações específicas. No Brasil, indicada para meninos e meninas de 9 a 14 anos, além de adultos de até 45 anos.
- Tipos: bivalente (tipos 16 e 18) e quadrivalente (tipos 6, 11, 16, e 18).
- Hepatite B:
- Transmissão: Por contato com sangue e fluidos corporais, incluindo relações sexuais.
- Calendário: parte do calendário infantil, mas adultos não vacinados devem receber as três doses.
- Proteção adicional: indiretamente protege contra a hepatite Delta.
- Hepatite A:
- Transmissão: embora menos comum, pode ocorrer em práticas de sexo oral-anal.
- Recomendação: disponível em alguns calendários vacinais e recomendada para grupos de risco.
Para Richtmann, é urgente que mais pessoas compreendam a importância da prevenção. “A vacina é uma medida simples, acessível e salva vidas. Atualizar o calendário vacinal é um passo concreto que pode ser dado agora.”